segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Faleceu o Reverendo Padre Manuel da Silva Nogueira Abade de Escariz

Faleceu ontem Domingo, dia 16 de Janeiro,
pelas 23.00 horas,
o Reverendo Padre Manuel da Silva Nogueira
Abade de Escariz
Nasceu a 22 de Janeiro de 1928 em Maceda, Ovar
Ordenado sacerdote em 24 de Agosto de 1952
Com cerca de 59 anos de sacerdote 
e 82 anos de idade.
Seu funeral  realiza-se amanhã terça-feiras às 10.00 horas
na Igreja Matriz de Escariz.
Um grande amigo que parte!
Simpático, 
acolhedor 
de trato afável 
e fácilitador,
Paz a quem tanto trabalhou por ela
E a tantos ajudou na vida!
 

domingo, 16 de janeiro de 2011

Saudade da partida de um Homem Bom,Santo! Sacerdote e Pastor!

Mais que homem bom, sacerdote e pastor piedoso e exemplar,
Sábio, inteligente, inteligência e perspicácia fulgurante,
literato, escritor, actual.
Sua Paixão: a Linguística, Onomástica, Toponímia, Nomenclatura,
Estudos e pesquisas Alti-Medievais, Documentos Antigos ( Manuscritos e Fac-similes)
Muito escreveu,
Muito ajudou e colaborou.
Tantos muito lhe devem no campo da investigação,
Do conseguimento de documentação
e não só!!!
Viveu e morreu simples e pobre.
A sua maior riqueza depois do dom do sacerdócio,
Foi a Sabedoria,
A Humildade,
A Exemplaridade
e os LIVROS!
Foi-me concedido privilégio de privar  com
O Reverendo Padre Domingos Moreira
De há longa data, particularmente neste últimos tempos
desde o início do ano de 2010
Até ao dia em que o Senhor o chamou 9,45 horas da
manhã do dia 9 de Janeiro do corrente ano 2011.
Das minhas modestas mãos sacerdotais recebeu a Santa Unção,
As mesmas que  no baixar das pálpebras e fechar da boquinha,
Descerrando o olhar e a voz para este mundo
Abrindo o olhar para a eternidade
E a voz para cantar o louvor do Criador
e Pai do Céu!
 ATM

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Cronista de Excelência da Sagres...Joaquim Magaslhães de Castro!

 
Cronista de Excelência da Sagres...na volta ao Mundo a bordo da Sagres
desde Goa a Lisboa.
Está à venda o seu novo Livro da Editorial Presença:
"NO MUNDO DAS MARAVILHAS
Viagem ao Património de Origem Portuguesa do Uruguai a Oman".
Faz parte da Colecção Volta ao mundo com:
O Mar das Especiarias,
Viagem ao Tecto do Mundo.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Encontro Diocesano de Acólitos!! 5 de Fevereiro, das 14h30 às 17h

Encontro Diocesano de Acólitos
“Maravilhoso! 
Constituís a melhor consolação que pode receber o nosso coração de Bispo de Roma: demonstrais, pela vossa presença, a vitalidade religiosa e pastoral das vossas paróquias e comunidades, uma vitalidade que tem a frescura de um campo de primavera, vitalidade de eleição, como a de um jardim florido, vitalidade inteligente e diligente tecida por sábia e paciente solicitude... 
Dizei-lhes (aos pais, párocos, sacerdotes, assistentes, aos dirigentes e delegados da juventude católica) que os acólitos agradam muito ao Papa e que ele recomenda a todos que vos estimem! E bastará que leveis esta mensagem do Papa a vosso favor (...) para que todos tomem imediatamente consciência da importância do acólito. Sem vós que faria a Santa Igreja para se apresentar com dignidade? Vós o sentis, pois tendes o desejo de exercer esses cargos de confiança nas cerimónias... 
Assim, tendes consciência de serdes úteis em qualquer coisa de sério e de sagrado e é bem que assim seja. Honrais a Deus! (Discurso de Paulo VI a uma assembleia de Acólitos em Roma, Abril de 1964).
 
O acolitado é um ministério com longa história na Igreja. 
Os acólitos aparecem, no princípio, acompanhando o bispo, especialmente associados aos subdiáconos. Têm função servir o altar e, para significá-lo, recebem os
utensílios que usam no seu serviço: candelabros e galhetas. 
Uma carta do Papa S. Cornélio a Fábio de Antioquia, c. 25 1, refere, em Roma, 42 acólitos sob a responsabilidade de um subdiácono. 
Este serviço bem orientado pode constituir uma verdadeira primavera, um terreno de vocações, para Igreja, como recentemente referiu (4 Agosto 2010), o actual Papa, ao incutir nos milhares de acólitos presentes, o profundo amor e a grande veneração pela Eucaristia.
Acólitos de todo o mundo! Servi, com generosidade, Jesus presente na Eucaristia... Conservai zelosamente esta amizade no vosso coração, como fez São Tarcísio, prontos a comprometer-vos, a lutar e a dar a vossa vida para que Jesus chegue a todos os homens. 
Comunicai, também, aos da vossa idade o dom desta amizade, com alegria e com entusiasmo, sem medo, a fim de que eles possam sentir que conheceis este Mistério, que é verdadeiro e que o amais!
Cada vez que vos aproximais do altar, tendes a sorte de testemunhar o grande sinal de amor de Deus, que continua a desejar entregar-se a cada um de nós, a estar próximo, a ajudar-nos, a incutir-nos a força para que possamos viver bem... 
Desempenhai com amor, com devoção e com fidelidade a vossa tarefa de acólitos. Não entreis na igreja para a Celebração com superficialidade, mas preparai-vos interiormente para a Santa Missa! Ajudando os vossos sacerdotes no serviço do altar, cooperais para tomar Jesus mais próximo, de tal modo que as pessoas possam sentir e dar-se conta disso em maior medida: Ele está aqui. Vós contribuís para que Ele possa estar mais presente no mundo, na vida de todos dias, na Igreja e em todos os lugares.
Vós ofereceis a Jesus as vossas mãos, vossos pensamentos e o vosso tempo. E não deixará de vos recompensar, concedendo-vos a alegria verdadeira e fazendo-vos sentir onde reside a felicidade mais completa... Jesus pede-nos a fidelidade nos afazeres quotidianos, o testemunho do seu amor frequentando a Igreja movidos por uma convicção interior e pela alegria da sua presença.
Assim podemos fazer conhecer também aos  nossos amigos que Jesus está vivo.
(Papa Bento XVI aos acólitos, Audiência geral, 4 Agosto de 2010)
 Estão abertas as inscrições (gratuitas) dos  acólitos para o Encontro diocesano que terá lugar no Seminário de Vilar, no próximo dia 5 de Fevereiro, das 14h30 às 17h. Esta acção destina-se a acólitos adultos, jovens e crianças. Para ser aceite a inscrição requer-se Nome, idade, morada completa, paróquia, nome de grupo (se houver), tlf ou ltm, email. A ficha d inscrição (individual) estará disponível a partir do dia 10 de Janeiro, no SDL ou pode se, solicitada por email. A inscrição deve se enviada para Secretariado Diocesano d Liturgia, R. Arcediago Van Zeller, 50/4050- 621 Porto ou para geral@sdlitp.org. 
As inscrições terminam em 31 de Janeiro.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Pela segunda Vez à Lareira com o Historiador José Matoso e Dra. Maria José

Pela segunda Vez à Lareira com o Historiador José Matoso e Dra. Maria José
 Em Carvoeiro Sever de Vouga. 
Tarde de Inverno à Lareira, encontro inolvidável de dois peritos
a nível Nacional de História
e de Toponímia, Nomenclatura e Linguística 
P. Domingos Moreira, digníssimo Abade de Pigeiros há mais de cinquenta anos.
Desde a discussão e acertamento do termo “Barregão “ e “Barregã” 
perpassaram os intelectos por obras de valor indescritível e incalculável  como o “ Baio Ferrado”
o ”Livro Preto da Sé de Coimbra”
a ”Vita Christi de Ludolfo da Sáxónia”, 
a“História da Vida Privada”, 
a colectânea da  História de Portugal, 
de “Maior Martins”do Convento de Arouca, 
sobrevoando sobre os Mosteiros de Paços de Sousa e Cete 
e tantos outros  incluindo o Convento de Lorvão 
cujo Cartulário anda pela estranja ( França).
Enfim uma tarde de Reis para nunca mais esquecer!

domingo, 2 de janeiro de 2011

HOMILIA DE ANO NOVO - 1 DE JANEIRO DE 2011 – SOLENIDADE DE SANTA MARIA MÃE DE DEUS – DIA MUNDIAL DA PAZ



Pastores do mundo, sob o olhar da Mãe de Deus
Amados irmãos e irmãs, aqui reunidos na igreja catedral do Porto, e todos vós, que nos seguis pela Rádio Renascença:
Como é habitual – e muito além de qualquer rotina -, celebramos em toda a Igreja Católica a Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus e o Dia Mundial da Paz. Não se trata, de modo algum, de simples justaposição de motivos; é antes decorrência lógica, como a própria selecção dos trechos bíblicos escutados bem manifesta.
Na verdade, a paz, enquanto sentimento e experiência de harmonia profunda de todos para todos e dentro de cada um de nós, só se pode encontrar onde a totalidade do real se ofereça e apreenda, sem excluir qualquer dimensão do que somos, sonhamos e vamos conseguindo.
- Fronteiras largas e profundas tem a paz, pois não se atinge sem que chegue a todos e não se alcança senão no mais íntimo e transcendente de cada um! Por isso, mais do que conquista, é dádiva, recebida e partilhada, como a própria vida. Por isso ainda, requerendo a nossa reflexão e coerência, não dispensa predisposição e acolhimento. Acolhimento, repito, da totalidade do real, em autêntico “desenvolvimento” de todos os homens e do homem todo, para usar uma bela expressão de Paulo VI.
Alcança-se a paz quando cada ser humano tem liberdade física e psíquica para se descobrir a si mesmo, como vocação pessoal e inter-pessoal, segundo as potencialidades gerais e suas próprias. Quando essa mesma liberdade é possibilitada e estimulada, por uma pedagogia familiar e social que a preencha com todos os contributos válidos da cultura e da civilização, isto é, pelo acervo acumulado das múltiplas “conquistas” do espírito humano, que efectivamente comprovaram ser verdadeiras, boas e belas para a generalidade das pessoas e dos povos. Quando a organização política nacional e internacional se orienta para a prossecução desse mesmo “bem comum”, oferecendo-o aos cidadãos, sem aprioristicamente o limitar por ideologias redutoras ou impositivas, como seria o caso do laicismo ou do fundamentalismo religioso. Trata-se de servir pessoas concretas, habilitando-as para a escolha consciente e responsável; não se trata de governar as pessoas contra elas próprias, escolhendo por elas e até antes delas o que houvessem de crer e fazer.
O Papa Bento XVI ofereceu-nos uma luminosa Mensagem para o Dia Mundial da Paz. Será certamente matéria de reflexão atenta para crentes e não crentes, plena que está de motivos indispensáveis, sobre “a liberdade religiosa, caminho para a paz”. Como este, que devo citar, pela sua inegável oportunidade e precisão, quer quanto à formulação do direito, quer quanto às suas consequências, aliás não unívocas: “A liberdade religiosa é também uma aquisição de civilização política e jurídica. Trata-se de um bem essencial: toda a pessoa deve poder exercer livremente o direito de professar, individual ou comunitariamente, a própria religião ou a própria fé, tanto em público como privadamente, no ensino, nos costumes, nas publicações, no culto e na observância dos ritos. Não deveria encontrar obstáculos, se quisesse eventualmente aderir a outra religião ou não professar religião alguma” (Mensagem, nº 5).
E o Papa adianta depois, com igual clareza: “A mesma determinação, com que são condenadas todas as formas de fanatismo e de fundamentalismo religioso, deve animar também a oposição a todas as formas de hostilidade contra a religião, que limitam o papel público dos crentes. Não se pode esquecer que o fundamentalismo religioso e o laicismo são formas reverberadas e extremas de rejeição do legítimo pluralismo e do princípio da laicidade. De facto, ambas absolutizam um visão redutiva e parcial da pessoa humana, favorecendo formas, no primeiro caso, de integralismo religioso e, no segundo, de racionalismo. […] Por isso mesmo, as leis e as instituições duma sociedade não podem ser configuradas ignorando a dimensão religiosa dos cidadãos ou de modo que prescindam completamente da mesma” (Mensagem, nº 8).
Creio que, quando assimilarmos esta doutrina - que o Papa não deixa de referir, no seu conjunto, a afirmações fundamentais quer do Concílio Vaticano II (1965), quer da Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948) -, nos poderemos reencontrar muito mais, também como sociedade portuguesa,  para aproveitarmos os recursos que cada um proporcionará ao conjunto, pessoal e conjugadamente; e para que a administração pública possa distribuir melhor as contribuições de todos para todos, do modo mais subsidiário e solidário possível, na educação, na saúde e na segurança social, dentro do Estado que também todos democraticamente integramos. E isto mesmo, tanto nas instâncias que dependem directamente da referida administração, como nas que resultam da espontaneidade social de famílias e instituições reconhecidas, que igualmente servem e acrescentam o bem comum, por vezes com grande excelência de resultados e inestimável generosidade pessoal, potenciada pelas respectivas convicções religiosas e humanitárias.
Como atrás aludi, a sequência dos trechos bíblicos desta Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus dá-nos a maior fundamentação de tais motivos. Não os forçamos, são eles mesmos que nos reforçam a convicção expendida. Sigamo-los brevemente:
Ouvimos a antiga bênção, que Moisés aprendeu do próprio Deus e tão bem ressoa neste começo de ano. “O Senhor volte para ti os seus olhos e te conceda a paz!”. Isso mesmo de algum modo “ouviu” a humanidade, desde que ganhou consciência de si mesma: as mais antigas expressões de lucidez e engenho referem-se a algo mais do que o imediato, deixaram em artefactos e paredes de grutas sinais e apelos dum mais além que garantisse – apaziguasse! – o aquém, sofrido ou temido. A admirável marcha de verdadeiros progressos que hoje preenchem a cultura, a ciência e a técnica, deram muito mais consistência ao que garantimos por nós, mas não dispensam um “olhar” benévolo que não nos deixe sós.
“Olhar de Deus”, ainda antes e depois de qualquer expressão verbal, determinante ou proponente, que a divina pedagogia requeira. Expressão primeira e envolvente de amor criativo e acolhedor. Como a alvorada que promete o Sol, como o brilho que distingue as coisas, como o incentivo que alenta sempre. Olhar que reluz nos insubstituíveis olhos maternais que envolvem cada geração humana e que aqui agradecidamente evocamos em todas as mães onde nasce e nascerá este “ano da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo de 2011”.
Foi envolto neste olhar de Deus Pai, rebrilhante no de uma singularíssima Mãe humana, que o Filho de Deus nasceu no mundo, como São Paulo referiu em breve versículo de duradoura lição: “Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho nascido de uma mulher e sujeito à Lei, para resgatar os que estavam sujeitos à Lei e nos tornar seus filhos adoptivos”.
- Duradoura lição, que sempre reaprenderemos e havemos de aprofundar! É tão recorrente imaginarmos Deus e revela-se tão difícil aceitá-Lo assim, agora “nascido de uma mulher”, igualado a nós para nos integrar, ao seu inaudito modo, na própria vida divina... Na verdade, a absoluta simplicidade de Deus liberta-nos das infindas complicações e enredos com que – mesmo a pretexto de “religião” – nos detemos no que afinal é apenas e excessivamente nosso. No “Filho de Maria”, renascemos como filhos de Deus, na simplificação absoluta da religião, que apenas sondaríamos antes: “E porque sois filhos – continuava São Paulo -, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: ‘Abá! Pai!’. Assim já não és escravo, mas filho. E, se és filho, também és herdeiro, por graça de Deus”.
É também assim que, da liberdade religiosa – sempre indispensável, mas ainda algo exterior -, Deus nos eleva em absoluta libertação, numa verdadeira e íntima relação, ou “religião”, de co-herdeiros com Cristo. Esta é a libertação propriamente cristã, no Espírito de Cristo, o “Filho de Maria”, a Santa Mãe de Deus.
Mas é no Evangelho escutado que podemos deparar com a autêntica súmula de quanto celebramos hoje. Num rápido esboço apenas:
Contava São Lucas que “naquele tempo, os pastores dirigiram-se apressadamente para Belém e encontraram Maria, José e o Menino deitado na manjedoura”. Assim mesmo Os devemos encontrar também, com a urgência que certamente sentimos. E por aquela mesma ordem: primeiro, viram a Mãe, que O recebera de Deus, como novo começo e perfeita libertação do mundo, pois é em Cristo e nos que vivem em Cristo que finalmente a criação inteira respirará isenta. Como disse São Paulo, noutro passo: “Pois até a criação se encontra em expectativa ansiosa, aguardando a revelação dos filhos de Deus […], para alcançar a liberdade na glória dos filhos de Deus” (cf. Rm 8, 19-21).
Primeiro Maria, para que o primeiríssimo Jesus pudesse acontecer no mundo, na nova terra que Ela mesma figurava. Ainda aqui – e de que maneira! – se pode e deve falar de liberdade religiosa, pois o consentimento de Maria à proposta única da Anunciação, significou a plena realização da sua liberdade pessoal, capaz de ultrapassar justificados receios e compreensíveis dúvidas, pela consentida rendição ao absoluto e humílimo poder de Deus: absoluto e humílimo como o amor autêntico, que tudo oferece e sempre depende de quem o aceite.
Depois viram José, porque é necessário que alguém guarde e tutele os dons Deus aos homens. É muito elucidativo verificar como grandes obreiros da recriação do mundo, através da “recriação” da Igreja – Corpo de Cristo em crescimento –, se confiaram tanto a São José, fosse Teresa de Ávila para reformar o Carmelo, fosse João XXIII para “aggiornare” a vida eclesial.
De Maria e José, os pastores concentraram-se naquele “Menino deitado na manjedoura”, tudo “como lhes tinha sido anunciado”. Em tal pobreza puderam entrever a riqueza divina, que assim os libertava de qualquer exclusão que fosse. Num palácio nasceria um “deus” para os grandes, como o César de Roma, rodeado de grandíssima corte. Numa manjedoura estava Deus para todos, entre Maria e José, começando pelos pastores que acorriam. Assim na Santa Madre Igreja, quando permanece livre e liberta, inteiramente disponível para acolher e cumprir a palavra divina, como Santa Maria Mãe de Deus. Aí acorrerão os pobres de todas as pobrezas, porque a eles é anunciada a Boa nova da perfeita libertação (cf. Lc 4, 18). E os pobres trarão os ricos, feitos pobres também, finalmente seduzidos por um Reino que só aos “pobres em espírito” se promete (cf. Mt 5, 3).
Continuava o Evangelho, como temos de terminar por agora: “Quando O viram, os pastores começaram a contar o que lhes tinham anunciado sobre aquele Menino. E todos os que ouviam admiravam-se do que os pastores diziam”. Ninguém disfarça um espanto, ninguém sufoca a alegria. Desde então se “começou a contar” a história viva daquele Menino e sua Mãe. Ou melhor, essa mesma história se tornou História da Igreja, fermentação persistente da liberdade do mundo.
Daqueles pastores nada mais sabemos, nem se foram sempre coerentes com o anúncio que faziam. O mesmo se diga das muitíssimas gerações crentes que o mediaram até chegar a nós. Uns sim, outros menos e outros, infelizmente, muito pelo contrário… Vale o mesmo anúncio, como indispensável é quem o transporte e a liberdade para o fazer. E não é difícil apurar que as próprias contrafacções do anúncio - que devia ser sempre tão libertador como o foi naqueles primeiros dias - foram rejeitadas e superadas, antes de mais, por quantos se têm felizmente somado como verdadeiras testemunhas do Evangelho de Cristo, para a libertação do mundo. As contrafacções da religião não se corrigem com a ausência dela, mas sempre e só com melhor religião.
Com Bento XVI, teremos até de constatar e afirmar: “Inegável é a contribuição que as religiões prestam à sociedade. São numerosas as instituições caritativas e culturais que atestam o papel construtivo dos crentes na vida social. Ainda mais importante é a contribuição ética da religião no âmbito político. Tal contribuição não deveria ser marginalizada ou impedida, mas vista como válida ajuda para a promoção do bem comum” (Mensagem, nº 6).
Com estes sentimentos e reflexões, caríssimos irmãos e irmãs, continuemos a celebração de Santa Maria Mãe de Deus – Dia Mundial da Paz. E tomemos para lema e missão de 2011 os mesmos dos pastores de há dois milénios, pois cada crente se há-de tornar um constante pastor do mundo, pelo cuidado solícito em relação a toda a obra divina: “Os pastores regressaram, glorificando a louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes tinha sido anunciado”. - Sobre eles se alongava decerto o olhar maternal de Maria, como agora nos envolve e encoraja a nós!
+ Manuel Clemente
Sé do Porto, 1 de Janeiro de 2011