terça-feira, 10 de julho de 2012

 
            CANTO E MÚSICA 
NA MISSA DO MATRIMÓNIO
      Algumas questões prévias
      Acontece que hoje alguns jovens que querem celebrar o seu Matrimónio em Igreja desconhecem o que significa a Celebração litúrgica. 
Mas, o que é mais grave, a formação de alguns padres, diocesanos ou religiosos, deixa muito a desejar, neste campo, porque não lhes foi dada uma devida formação profunda, neste âmbito de carácter mais performativo que o Seminário de outrora era mais capaz.
       E nisto se comprova, facilmente, se déssemos exemplos concretos, aliás suficientemente divulgados e espalhados.
      Custa-nos dizer, mas é nossa obrigação, pois que nos parece que o Seminário perdeu essa capacidade, alienando tal responsabilidade para as Escolas de Teologia que, com frequência, carecem desse tipo de formação, mesmo que pertença, eventualmente, ao curriculum. 
A própria experiência pastoral não forma, como se esperava, mas deforma, em muitos casos, como não se desejava.
      Diz o II Concílio do Vaticano: «Com razão se considera a Liturgia como o exercício da função sacerdotal de Cristo. Nela, os sinais sensíveis significam e, cada um à sua maneira, realizam a santificação dos homens; nela, o Corpo Místico de Jesus Cristo - cabeça e membros - presta a Deus o culto público integral. Portanto, qualquer celebração litúrgica é por ser obra de Cristo sacerdote e do seu Corpo que é a Igreja, acção sagrada por excelência, cuja eficácia, com o mesmo título e no mesmo grau, não é igualada por nenhuma outra acção da Igreja» (Constituição Litúrgica = SC, 7).
      A Igreja entende que, por relação privilegiada, o Sacramento do Matrimónio que reflecte o grande Sacramento das Núpcias de Cristo (O Cordeiro) com a Sua Esposa (a Igreja) seja celebrado com a Eucaristia (salvo nas excepções extraordinárias previstas).
«Celebre-se habitualmente o Matrimónio dentro da Missa, depois da leitura do Evangelho e da homilia e antes da Oração dos fiéis». (SC, n.°78)
      Muitos noivos que preparam e desejam o seu casamento na Igreja, fazem um guião da celebração que pode ser muito útil para ajudar os convidados que normalmente estão ausentes na missa dminica1, a participar nessa celebração e para aqueles que se afastaram da Igreja. Mas acontece que tais “missais “ ( guiões da celebração), não reflectem a celebração da Igreja, mas são, notoriamente, criações voluntaristas e irresponsáveis. 
 E o pior é que se publicam e reproduzem, fora da orientação da própria Igreja. Basta consultar a Net para percebermos como são fabricados, pois que, pelo seu carácter subjectivo, sobrepõem-se a qualquer determinação da própria Igreja. Afinal, o que se deseja é a pompa religiosa, mas não um matrimónio na Igreja.
      Isto refere-se não só aos textos (alguns são interessantes, mas despropositados, outros são simplesmente idiotas, embora
muito sentimentais). É neste desfasamento da celebração litúrgica que se insere a música para avolumar os problemas e transformar o carácter da celebração litúrgica (exercício da função sacerdotal de Cristo), em festa social dos noivos.
      Então, facilmente se chega ao desvario. Esteve (ou está ainda) na moda cantar uma Ave-Maria (Schubert ou outro) à entrada da noiva.   Outros proporão para o Ofertório o Pie Jesu (da missa dos mortos) de Fauré, outros, um programa de algum grupo especializado no negócio, outros ainda, reúnem o “Coro de família”- sempre preparado, sem ensaios - com umas guitarras e violas, em jeito de animação. Mas, infelizmente, alguns coros (paroquiais ou marginais) propõem um programa de animação da Missa, a gosto dos noivos (pois que estes adquiriram tais capacidades transitórias).
      Só nos perguntamos se o silêncio não seria a melhor música! Maltrata-se a música, mas muito mais a celebração litúrgica. 
De resto, que se pode fazer? Dada a nossa incultura musical, não é possível em muitas situações, propor um projecto paroquial, por falta de estímulo e formação de organistas, directores e Coros Litúrgicos. 
E, porventura, será isso possível e desejável, num plano diocesano? 
Formação dos Párocos e Formação dos Agentes Musicais é o que é mais urgente. Nada de novo. 
Os documentos da Igreja são abundantes sobre o assunto. Só que ainda não foram aplicados, como se vê.
Do SDL Voz Portucalense

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