sábado, 31 de dezembro de 2011

8 de Janeiro Festa da Epifania!

SOLENIDADE DA EPIFANIA DO SENHOR
A liturgia deste domingo celebra a manifestação de Jesus a todos os homens… Ele é uma “luz” que se acende na noite do mundo e atrai a si todos os povos da terra. Cumprindo o projecto libertador que o Pai nos queria oferecer, essa “luz” incarnou na nossa história, iluminou os caminhos dos homens, conduziu-os ao encontro da salvação, da vida definitiva.
A primeira leitura anuncia a chegada da luz salvadora de Jahwéh, que transfigurará Jerusalém e que atrairá à cidade de Deus povos de todo o mundo.
No Evangelho, vemos a concretização dessa promessa: ao encontro de Jesus vêm os “magos” do oriente, representantes de todos os povos da terra… Atentos aos sinais da chegada do Messias, procuram-n’O com esperança até O encontrar, reconhecem n’Ele a “salvação de Deus” e aceitam-n’O como “o Senhor”. A salvação rejeitada pelos habitantes de Jerusalém torna-se agora um dom que Deus oferece a todos os homens, sem excepção.
A segunda leitura apresenta o projecto salvador de Deus como uma realidade que vai atingir toda a humanidade, juntando judeus e pagãos numa mesma comunidade de irmãos – a comunidade de Jesus.


LEITURA I – Is 60,1-6

Leitura do Livro de Isaías

Levanta-te e resplandece, Jerusalém,
porque chegou a tua luz
e brilha sobre ti a glória do Senhor.
Vê como a noite cobre a terra
e a escuridão os povos.
Mas sobre ti levanta-Se o Senhor
e a sua glória te ilumina.
As nações caminharão à tua luz
e os reis ao esplendor da tua aurora.
Olha ao redor e vê:
todos se reúnem e vêm ao teu encontro;
os teus filhos vão chegar de longe
e as tuas filhas são trazidas nos braços.
Quando o vires ficarás radiante,
palpitará e dilatar-se-á o teu coração,
pois a ti afluirão os tesouros do mar,
a ti virão ter as riquezas das nações.
Invadir-te-á uma multidão de camelos,
de dromedários de Madiã e Efá.
Virão todos os de Sabá,
trazendo ouro e incenso
e proclamando as glórias do Senhor.



SALMO RESPONSORIAL – Salmo 71 (72)

Refrão: Virão adorar-Vos, Senhor,
todos os povos da terra.

Ó Deus, concedei ao rei o poder de julgar
e a vossa justiça ao filho do rei.
Ele governará o vosso povo com justiça
e os vossos pobres com equidade.

Florescerá a justiça nos seus dias
e uma grande paz até ao fim dos tempos.
Ele dominará de um ao outro mar,
do grande rio até aos confins da terra.

Os reis de Társis e das ilhas virão com presentes,
os reis da Arábia e de Sabá trarão suas ofertas.
Prostrar-se-ão diante dele todos os reis,
todos os povos o hão-de servir.

Socorrerá o pobre que pede auxílio
e o miserável que não tem amparo.
Terá compaixão dos fracos e dos pobres
e defenderá a vida dos oprimidos.


LEITURA II – Ef 3,2-3a.5-6

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios

Irmãos:
Certamente já ouvistes falar
da graça que Deus me confiou a vosso favor:
por uma revelação,
foi-me dado a conhecer o mistério de Cristo.
Nas gerações passadas,
ele não foi dado a conhecer aos filhos dos homens
como agora foi revelado pelo Espírito Santo
aos seus santos apóstolos e profetas:
os gentios recebem a mesma herança que os judeus,
pertencem ao mesmo corpo
e participam da mesma promessa,
em Cristo Jesus, por meio do Evangelho.


ALELUIA – Mt 2,2

Aleluia. Aleluia.

Vimos a sua estrela no Oriente
e viemos adorar o Senhor.


EVANGELHO – Mt 2,1-12

Leitura de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia,
nos dias do rei Herodes,
quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente.
«Onde está – perguntaram eles –
o rei dos judeus que acaba de nascer?
Nós vimos a sua estrela no Oriente
e viemos adorá-l’O».
Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes ficou perturbado
e, com ele, toda a cidade de Jerusalém.
Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo
e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias.
Eles responderam: «Em Belém da Judeia,
porque assim está escrito pelo profeta:
‘Tu, Belém, terra de Jusá,
não és de modo nenhum a menor
entre as principais cidades de Judá,
pois de ti sairá um chefe,
que será o Pastor de Israel, meu povo’».
Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos
e pediu-lhes informações precisas
sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela.
Depois enviou-os a Belém e disse-lhes:
«Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino;
e, quando O encontrardes, avisai-me,
para que também eu vá adorá-l’O».
Ouvido o rei, puseram-se a caminho.
E eis que a estrela que tinham visto no Oriente
seguia à sua frente
e parou sobre o lugar onde estava o Menino.
Ao ver a estrela, sentiram grande alegria.
Entraram na casa,
viram o Menino com Maria, sua Mãe,
e, prostrando-se diante d’Ele,
adoraram-n’O.
Depois, abrindo os seus tesouros,
ofereceram-Lhe presentes:
ouro, incenso e mirra.
E, avisados em sonhos
para não voltarem à presença de Herodes,
 
regressaram à sua terra por outro caminho.

1 de Janeiro de 2012 Dia Mundial da Paz

 Dia Mundial da Paz
Neste dia, a liturgia coloca-nos diante de evocações diversas, ainda que todas importantes.
Celebra-se, em primeiro lugar, a Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus: somos convidados a contemplar a figura de Maria, aquela mulher que, com o seu “sim” ao projecto de Deus, nos ofereceu Jesus, o nosso libertador.
Celebra-se, em segundo lugar, o Dia Mundial da Paz: em 1968, o Papa Paulo VI propôs aos homens de boa vontade que, neste dia, se rezasse pela paz no mundo.
Celebra-se, finalmente, o primeiro dia do ano civil: é o início de uma caminhada percorrida de mãos dadas com esse Deus que nos ama, que em cada dia nos cumula da sua bênção e nos oferece a vida em plenitude.
As leituras que hoje nos são propostas exploram, portanto, estas diversas coordenadas. Elas evocam esta multiplicidade de temas e de celebrações.
Na primeira leitura, sublinha-se a dimensão da presença contínua de Deus na nossa caminhada e recorda-se que a sua bênção nos proporciona a vida em plenitude.
Na segunda leitura, a liturgia evoca, outra vez, o amor de Deus, que enviou o seu Filho ao encontro dos homens para os libertar da escravidão da Lei e para os tornar seus “filhos”. É nessa situação privilegiada de “filhos” livres e amados que podemos dirigir-nos a Deus e chamar-lhe “abbá” (“papá”).
O Evangelho mostra como a chegada do projecto libertador de Deus (que se tornou realidade plena no nosso mundo através de Jesus) provoca alegria e felicidade naqueles que não têm outra possibilidade de acesso à salvação: os pobres e os marginalizados. Convida-nos também a louvar a Deus pelo seu amor e a testemunhar o desígnio libertador de Deus no meio dos homens.
Maria, a mulher que proporcionou o nosso encontro com Jesus, é o modelo do crente que é sensível aos projectos de Deus, que sabe ler os seus sinais na história, que aceita acolher a proposta de Deus no coração e que colabora com Deus na concretização do projecto divino de salvação para o mundo.


LEITURA I – Num 6,22-27

Leitura do Livro dos Números

O Senhor disse a Moisés:
«Fala a Aarão e aos seus filhos e diz-lhes:
Assim abençoareis os filhos de Israel, dizendo:
‘O Senhor te abençoe e te proteja.
O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face
e te seja favorável.
O senhor volte para ti os seus olhos e te conceda a paz’.
Assim invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel
e Eu os abençoarei».


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 66 (67)

Refrão: Deus Se compadeça de nós
e nos dê a sua bênção.

Deus Se compadeça de nós e nos dê a sua bênção,
resplandeça sobre nós a luz do seu rosto.
Na terra se conhecerão os seus caminhos
e entre os povos a sua salvação.

Alegrem-se e exultem as nações,
porque julgais os povos com justiça
e governais as nações sobre a terra.

Os povos Vos louvem, ó Deus,
todos os povos Vos louvem.
Deus nos dê a sua bênção
e chegue o seu temor aos confins da terra.


LEITURA II – Gal 4,4-7

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Gálatas

Irmãos:
Quando chegou a plenitude dos tempos,
Deus enviou o seu Filho,
nascido de uma mulher e sujeito à Lei,
para resgatar os que estavam sujeitos à Lei
e nos tornar seus filhos adoptivos.
E porque sois filhos,
Deus enviou aos nossos corações
o Espírito de seu Filho, que clama:
«Abbá! Pai!»
Assim, já não és escravo, mas filho.
E, se és filho, também és herdeiro, por graça de Deus.


ALELUIA – Heb 1,1-2

Aleluia. Aleluia.

Muitas vezes e de muitos modos
falou Deus antigamente aos nossos pais pelos Profetas.
Nestes dias, que são os últimos,
Deus falou-nos por seu Filho.


EVANGELHO – Lc 2,16-21

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo,
os pastores dirigiram-se apressadamente para Belém
e encontraram Maria, José
e o Menino deitado na manjedoura.
Quando O viram, começaram a contar
o que lhes tinham anunciado sobre aquele Menino.
E todos os que ouviam
admiravam-se do que os pastores diziam.
Maria conservava todas estas palavras,
meditando-as em seu coração.
Os pastores regressaram, glorificando e louvando a Deus
por tudo o que tinham ouvido e visto,
como lhes tinha sido anunciado.
Quando se completaram os oito dias
para o Menino ser circuncidado,
deram-Lhe o nome de Jesus,
indicado pelo Anjo,
antes de ter sido concebido no seio materno.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Homilia de Natal e Mensagem do Ano Novo



 Amados irmãos, neste Natal de agora:
 1. De Deus e dos homens sempre se falou e muito, como continua a falar
É uma espontaneidade inevitável, pois em torno de tais palavras se joga o que vivemos e esperamos, sofremos e novamente esperamos… 
Não é por acaso que, mesmo na linguagem corrente, 
a palavra “Deus” escapa tantas vezes dos lábios de quem crê 
e mesmo de quem diz não crer. 
Na generalidade das línguas, o vocábulo “Deus” - ou equivalentes – 
teima em exprimir o inexprimível, desfazendo prevenções ou sufocos, 
mesmo os “politicamente correctos”. 
Séculos de maus exemplos totalitários e laicistas já nos deviam ter convencido a todos 
de que a expressão religiosa é indissociável da esperança e de que, coibi-la, 
é um grave e inútil atentado à liberdade humana, 
que precisamente na sociedade se deve realizar, 
pessoal e comunitariamente, 
no mútuo respeito das convicções coexistentes.
O sentimento religioso, universalmente expandido – 
e até nalgumas contrafacções dele -, busca etimologicamente algo 
ou alguém a que nos liguemos ou “religuemos”, 
e isto desde as primeiras manifestações da humanidade que integramos.
Sendo irrecusável como sentimento, é diversamente apreciável como concretização. 
Na verdade, em seu nome se têm alcançado altos níveis de humanidade, mas também – ilegitimamente embora – se tem roçado o contrário. 
Assim no passado e assim ainda no presente, na sobrevivência 
ou ressurgência de fanatismos vários.
Como a própria palavra indica, o “fanatismo”, 
próximo do fantasmagórico, toma o imaginário pelo real 
e as fantasias pela verdade. É um despiste grave do sentimento religioso 
e uma projecção indevida das nossas repetidas quimeras. 
Por isso mesmo, fere a verdade de cada um, dos outros e do próprio Deus, 
todas reduzidas a devaneios. Desconhecendo a quase tudo, 
facilmente oprime a quase todos, senão a todos mesmo.
Daí que a religiosidade autêntica se encontre melhor quer com a abstracção filosófica, 
como a herdámos dos antigos gregos, por exemplo, 
quer e ainda mais com a simplicidade crente, 
como a ganhámos da tradição bíblica. 
Como no júbilo de Cristo: “Bendigo-te, ó Pai, Senhor do Céu 
e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios 
e inteligentes e as revelaste aos pequeninos” (Lc 10, 21).
A primeira, de consequência em consequência ou de causa em causa, 
desceu ou remontou do ou ao princípio de tudo; 
a segunda deixou-se surpreender por um apelo que evoluiu em promessa 
e se concluiu em encontro. 
Ouvimo-lo magnificamente há pouco e devíamos sabê-lo de cor, 
quase como Credo resumido: 
“Muitas vezes e de muitos modos falou Deus antigamente aos nossos pais, 
pelos profetas. 
Nestes dias, que são os últimos, falou-nos por seu Filho, 
a quem fez herdeiro de todas as coisas e pelo qual também criou o universo” 
(Hb 1, 1-2).

2. Nós, cristãos, sabemos – por nós e para os outros – que estamos finalmente aqui, 

na incarnação do Verbo e a partir dela
Como o ouvimos também: “E o Verbo fez-se carne e habitou entre nós. 
Nos vimos a sua glória, glória que Lhe vem do Pai como Filho Unigénito, 
cheio de graça e de verdade”. 
Sendo indispensável isto mesmo – que o próprio Deus se dissesse 
e “fizesse” neste mundo -, para contrariar de vez qualquer ilusão 
ou despiste da nossa parte.
Deus disse-se na “carne”, ou seja, na humanidade 
que quis compartilhar connosco, ganha no seio virginal de Maria, 
que só para tal fora criada. 
E tudo muito concretamente, no menino que nasceu, 
cresceu, trabalhou, sofreu e morreu. 
A realidade humana – esta mesma que é a nossa e de todos, 
particularmente dos mais pobres e frágeis, como Ele quis ser deveras. 
Uma antiga meditação via na cruz do Gólgota a mesma madeira do Presépio, 
muito acertando nesse ponto…
Por mais que levantássemos “palácios” para Deus, 
o seu leito seria sempre o de Belém e o seu trono o que Lhe deram na cruz. 
O lugar de Deus é irrecusavelmente o da humanidade, como ela foi e continua ser, 
também nos dias difíceis que vivemos. 
Como lugar de compaixão, da sua parte, pois faz sua a nossa fraqueza; 
como, lugar de esperança, da parte nossa, pois aí mesmo O podemos encontrar 
e à sua glória. São Paulo tinha na cruz de Cristo “toda a sua glória” e, 
já no século II, Santo Ireneu pôde resumir tudo assim: 
“A glória de Deus é o homem vivo e a vida do homem é a visão de Deus”.
Irmãos e irmãs: Olhai de novo agora, e só a esta luz, 
o presépio que tendes em casa, ou que ainda ireis a tempo de montar. 
Acorrei-lhe como os pastores e os magos, ouvi o cântico dos anjos: 
“Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados”. 
Ficai aí por momentos; depois partireis diferentes. 
Dai uma oportunidade ao Céu, como este se oferece na Terra.
Deus disse-Se desse modo. Baldados os nossos esforços de O forjar, 
foi a vez do próprio Deus se revelar, na promessa finalmente cumprida. 
Em luminoso passo duma exortação apostólica, Bento XVI comenta assim, 
aludindo ao prólogo evangélico que há pouco ouvimos: 
“O evangelista João contempla o Verbo desde o seu estar junto de Deus, 
passando pelo fazer-se carne, até ao regresso ao seio do Pai, 
levando consigo a nossa própria humanidade, que assumiu para sempre. 
Neste sair do Pai e voltar ao Pai, Ele apresenta-se-nos como o ‘Narrador’ de Deus. 
De facto, o Filho – afirma Santo Ireneu de Lião – ‘é o Revelador do Pai’. 
Jesus de Nazaré é, por assim dizer, o ‘exegeta’ de Deus…” (Verbum Domini, nº 90).
3. E aqui encontramos a Igreja, carne e corpo que Cristo ressuscitado continua 
a ter no mundo, para concretizar em cada tempo 
e espaço a compaixão divina por toda e qualquer pessoa
Noutra exortação apostólica pós-sinodal, Bento XVI lembrara, 
a propósito, que já “a antiguidade cristã designava 
com as mesmas palavras – corpus Christi – o corpo nascido da Virgem Maria, o corpo eucarístico e o corpo eclesial de Cristo” (Sacramentum Caritatis, nº 15).
E hoje como sempre, mas particularmente nas actuais circunstâncias, 
só assim se “legitima” uma Igreja que o queira realmente ser, 
como corpo de Cristo no mundo e para o mundo. 
Lembremos o que foi dito, como nossa única qualificação possível: 
“Por isto é que todos conhecerão que sois meus discípulos: 
se vos amardes uns aos outros” (Jo 13, 35). 
E sem medo nem demoras em alargar o presépio, porque de alargar se trata, 
como o mesmo Jesus adianta, versículos depois e com toda a solenidade: 
“Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim fará também as obras 
que eu realizo; e fará obras maiores do que estas, 
porque eu vou para o Pai, e o que pedirdes em meu nome eu o farei, 
de modo que, no Filho, se manifeste a glória do Pai” (Jo 14, 12-13).
Peçamos então, amados irmãos, peçamos intensamente ao Pai, 
que a obra de Cristo continue em nós e se desdobre em mil 
e uma atitudes de solidariedade, justiça e paz junto de quem mais sofra no corpo 
ou na alma as presentes vicissitudes. A fé com que celebramos esta grande solenidade manifesta-se necessariamente numa caridade ainda maior. 
Como já o escreveu um dos primeiros discípulos de Cristo, 
quase em desafio que perdura, face a qualquer espiritualismo ocioso 
e desincarnado: “mostra-me então a tua fé sem obras, que eu, pelas minhas obras, 
te mostrarei a minha fé” (Tg 2, 18).
- Graças a Deus e muitas, pois em tantas comunidades 
e pessoas se manifestam a glória de Deus e a caridade de Cristo, 
que o Espírito derrama nos corações e através deles (cf. Rm 5, 5)! 
Amados irmãos, é em vós que rebrilha hoje a luz de Belém, nos presépios vivos em que vos ofereceis aos pobres, aos doentes, aos sós e a todas as fragilidades do mundo. 
Por vezes, tão ou mais frágeis do que esses mesmos a quem socorreis; 
mas assim aconteceu com o próprio Deus, que, 
contrariamente a todas as previsões, quis nascer menino e pobre, para nos engrandecer e enriquecer a todos (cf. 2 Co 8, 9)!
E, se ainda se pede que “seja Natal todos os dias”, 
estejamos certíssimos de que isso mesmo deseja Deus, 
só dependendo de nós que aconteça de facto, 
continuando a incarnação do seu Verbo. 
Valha como prova esta exclamação claríssima do Apóstolo: 
“Completo na minha carne o que falta às tribulações de Cristo, pelo seu Corpo, 
que é a Igreja” (Cl 1, 28); e, através da Igreja, pelo mundo inteiro, 
certamente, a cuja salvação ela se destina.
- Maria, Mãe de Cristo do presépio à cruz, nos ensine estas coisas, 
como sucederam nela e com ela. José, que as adoptou de coração inteiro, 
nos ensine a guardá-las também. E, como os pastores da altura, partamos, 
glorificando e louvando a Deus por tudo o que vimos e ouvimos (cf. Lc 2, 20). 
Perto ou mais longe, estão muitos à nossa espera!
+ Manuel Clemente
Sé do Porto, 25 de Dezembro de 2011
__________________________________________--
Mensagem de Bento XVI 
para o Dia Mundial da Paz 2012
Educar os jovens para a justiça e a paz
1. O início de um novo ano, dom de Deus à humanidade, induz-me a desejar a todos, 
com grande confiança e estima, de modo especial que este tempo, que se abre diante de nós, fique marcado concretamente pela justiça e a paz.
Com que atitude devemos olhar para o novo ano? No salmo 130,
encontramos uma imagem muito bela. 
O salmista diz que o homem de fé aguarda pelo Senhor 
«mais do que a sentinela pela aurora” (v. 6), aguarda por Ele com firme esperança, 
porque sabe que trará luz, misericórdia, salvação. 
Esta expectativa nasce da experiência do povo eleito, 
que reconhece ter sido educado por Deus 
a olhar o mundo na sua verdade sem se deixar abater pelas tribulações.
Convido-vos a olhar o ano de 2012 com esta atitude confiante. 
É verdade que, no ano que termina, 
cresceu o sentido de frustração por causa da crise que aflige a sociedade, 
o mundo do trabalho e a economia; uma crise cujas raízes 
são primariamente culturais e antropológicas. Quase parece
que um manto de escuridão teria descido sobre o nosso tempo, 
impedindo de ver com clareza a luz do dia.
Mas, nesta escuridão, o coração do homem não cessa de aguardar 
pela aurora de que fala o salmista. Esta expectativa mostra-se 
particularmente viva e visível nos jovens; e é por isso 
que o meu pensamento se volta para eles, considerando 
o contributo que podem e devem oferecer à sociedade. 
Queria, pois, revestir a Mensagem para o XLV Dia Mundial da Paz 
duma perspetiva educativa: “Educar os jovens para a justiça e a paz”
convencido de que eles podem, com o seu entusiasmo e idealismo, 
oferecer uma nova esperança ao mundo.
A minha Mensagem dirige-se também aos pais, às famílias, 
a todas as componentes educativas, formadoras,
bem como aos responsáveis nos diversos âmbitos 
da vida religiosa, social, política, económica, cultural e mediática. 
Prestar atenção ao mundo juvenil, saber escutá-lo 
e valorizá-lo para a construção dum futuro de justiça
e de paz não é só uma oportunidade mas um dever primário de toda a sociedade.
Trata-se de comunicar aos jovens o apreço pelo valor positivo da vida, suscitando neles o desejo de consumá-la ao serviço do Bem. Esta é uma tarefa, na qual todos nós estamos, pessoalmente, comprometidos.
As preocupações manifestadas por muitos jovens nestes últimos tempos, 
em várias regiões do mundo, exprimem o desejo 
de poder olhar para o futuro com fundada esperança. 
Na hora atual, muitos são os aspetos que os trazem apreensivos: 
o desejo de receber uma formação que os prepare 
de maneira mais profunda para enfrentar a realidade, 
a dificuldade de formar uma família e encontrar um emprego estável, 
a capacidade efetiva de intervir no mundo da política, da cultura 
e da economia contribuindo para a construção 
duma sociedade de rosto mais humano e solidário.
É importante que estes fermentos e o idealismo 
que encerram encontrem a devida atenção 
em todas as componentes da sociedade. 
A Igreja olha para os jovens com esperança, 
tem confiança neles e encoraja-os a procurarem a verdade, 
a defenderem o bem comum, a possuírem perspetivas abertas 
sobre o mundo e olhos capazes de ver “coisas novas” (Is 42, 9; 48, 6).

Os responsáveis da educação
2. A educação é a aventura mais fascinante 
e difícil da vida. Educar – na sua etimologia latina educere – significa 
conduzir para fora de si mesmo ao encontro da realidade,
rumo a uma plenitude que faz crescer a pessoa. 
Este processo alimenta-se do encontro de duas liberdades: a do adulto e a do jovem. 
Isto exige a responsabilidade do discípulo, que deve estar disponível 
para se deixar guiar no conhecimento da realidade, e a do educador, 
que deve estar disposto a dar-se a si mesmo. Mas, para isso, 
não bastam meros dispensadores de regras e informações; 
são necessárias testemunhas autênticas, ou seja, testemunhas 
que saibam ver mais longe do que os outros, 
porque a sua vida abraça espaços mais amplos. 
A testemunha é alguém que vive, primeiro, o caminho que propõe.
E quais são os lugares onde amadurece uma verdadeira educação para a paz e a justiça? 
Antes de mais nada, a família, já que os pais são os primeiros educadores. 
A família é célula originária da sociedade. 
«É na família que os filhos aprendem os valores humanos 
e cristãos que permitem uma convivência construtiva e pacífica. 
É na família que aprendem a solidariedade entre as gerações, 
o respeito pelas regras, o perdão e o acolhimento do outro”. 
[1] Esta é a primeira escola, onde se educa para a justiça e a paz.
Vivemos num mundo em que a família e até a própria vida 
se veem constantemente ameaçadas e, não raro, destroçadas. 
Condições de trabalho frequentemente pouco 
compatíveis com as responsabilidades familiares, 
preocupações com o futuro, ritmos frenéticos de vida,
emigração à procura dum adequado sustentamento 
se não mesmo da pura sobrevivência, acabam por tornar difícil a possibilidade 
de assegurar aos filhos um dos bens mais preciosos: a presença dos pais; 
uma presença, que permita compartilhar de forma 
cada vez mais profunda o caminho para se poder
transmitir a experiência e as certezas adquiridas 
com os anos – o que só se torna viável com o tempo passado juntos. 
Queria aqui dizer aos pais para não desanimarem! 
Com o exemplo da sua vida, induzam os filhos 
a colocar a esperança antes de tudo em Deus, 
o único de quem surgem justiça e paz autênticas.
Quero dirigir-me também aos responsáveis das instituições com tarefas educativas: 
Velem, com grande sentido de responsabilidade, por que seja respeitada 
e valorizada em todas as circunstâncias a dignidade de cada pessoa. 
Tenham a peito que cada jovem possa descobrir a sua própria vocação, 
acompanhando-o para fazer frutificar os dons que o Senhor lhe concedeu. 
Assegurem às famílias que os seus filhos não terão 
um caminho formativo em contraste com a sua consciência
e os seus princípios religiosos.
Possa cada ambiente educativo ser lugar de abertura ao transcendente 
e aos outros; lugar de diálogo, coesão e escuta, 
onde o jovem se sinta valorizado nas suas capacidades 
e riquezas interiores e aprenda a apreciar os irmãos. 
Possa ensinar a saborear a alegria que deriva de viver dia após dia a caridade 
e a compaixão para com o próximo e de participar ativamente 
na construção duma sociedade mais humana e fraterna.
Dirijo-me, depois, aos responsáveis políticos, 
pedindo-lhes que ajudem concretamente as famílias 
e as instituições educativas a exercerem o seu direito-dever de educar.
Não deve jamais faltar um adequado apoio à maternidade e à paternidade. 
Atuem de modo que a ninguém seja negado o acesso à instrução 
e que as famílias possam escolher livremente as estruturas educativas 
consideradas mais idóneas para o bem dos seus filhos. 
Esforcem-se por favorecer a reunificação das famílias 
que estão separadas devido à necessidade de encontrar meios de subsistência. 
Proporcionem aos jovens uma imagem transparente da política, 
como verdadeiro serviço para o bem de todos.
Não posso deixar de fazer apelo ainda ao mundo dos media 
 para que prestem a sua contribuição educativa. 
Na sociedade atual, os meios de comunicação 
de massa têm uma função particular: não só informam, 
mas também formam o espírito dos seus destinatários 
e, consequentemente, podem concorrer notavelmente 
para a educação dos jovens. 
É importante ter presente a ligação estreitíssima que existe 
entre educação e comunicação: de facto, a educação realiza-se 
por meio da comunicação, que influi positiva 
ou negativamente na formação da pessoa.
Também os jovens devem ter a coragem de começar, 
eles mesmos, a viver aquilo que pedem a quantos os rodeiam.
Que tenham a força de fazer um uso bom e consciente da liberdade, 
pois cabe-lhes em tudo isto uma grande responsabilidade: 
são responsáveis pela sua própria educação 
e formação para a justiça e a paz.
Educar para a verdade e a liberdade
3. Santo Agostinho perguntava-se:
Quid enim fortius desiderat anima quam veritatem – que deseja
o homem mais intensamente do que a verdade?”.[2] 
O rosto humano duma sociedade depende muito 
da contribuição da educação para manter viva esta questão inevitável.
De facto, a educação diz respeito à formação integral da pessoa, 
incluindo a dimensão moral e espiritual do seu ser, 
tendo em vista o seu fim último e o bem da sociedade a que pertence. 
Por isso, a fim de educar para a verdade, 
é preciso antes de mais nada saber que é a pessoa humana, conhecer a sua natureza. 
Olhando a realidade que o rodeava, o salmista pôs-se a pensar: 
“Quando contemplo os céus, obra das vossas mãos, a lua 
e as estrelas que Vós criastes: que é o homem para Vos lembrardes dele, 
o filho do homem para com ele Vos preocupardes?” (Sal 8, 4-5). 
Esta é a pergunta fundamental que nos devemos colocar: Que é o homem? 
O homem é um ser que traz no coração uma sede de infinito, 
uma sede de verdade – não uma verdade parcial, 
mas capaz de explicar o sentido da vida –, porque foi criado à imagem 
e semelhança de Deus. 
Assim, o facto de reconhecer com gratidão a vida 
como dom inestimável leva a descobrir a dignidade profunda 
e a inviolabilidade própria de cada pessoa. 
Por isso, a primeira educação consiste 
em aprender a reconhecer no homem a imagem do Criador 
e, consequentemente, a ter um profundo respeito por cada ser humano 
e ajudar os outros a realizarem uma vida conforme a esta sublime dignidade.
É preciso não esquecer jamais que “o autêntico desenvolvimento do homem diz respeito unitariamente à totalidade da pessoa em todas as suas dimensões”,[3] incluindo a transcendente, e que não se pode sacrificar a pessoa para alcançar um bem particular, 
seja ele económico ou social, individual ou coletivo.
Só na relação com Deus é que o homem compreende o significado 
da sua liberdade, sendo tarefa da educação formar para a liberdade autêntica. 
Esta não é a ausência de vínculos, nem o império do livre arbítrio; 
não é o absolutismo do eu. 
Quando o homem se crê um ser absoluto, 
que não depende de nada nem de ninguém e pode fazer tudo o que lhe apetece, 
acaba por contradizer a verdade do seu ser e perder a sua liberdade. 
De facto, o homem é precisamente o contrário: um ser relacional, 
que vive em relação com os outros e sobretudo com Deus. 
A liberdade autêntica não pode jamais ser alcançada, afastando-se d’Ele.
A liberdade é um valor precioso, mas delicado: pode ser mal entendida e usada mal. 
“Hoje um obstáculo particularmente insidioso à ação educativa 
é constituído pela presença maciça, na nossa sociedade e cultura, 
daquele relativismo que, nada reconhecendo como definitivo, 
deixa como última medida somente o próprio eu com os seus desejos e, 
sob a aparência da liberdade, torna-se para cada pessoa uma prisão, 
porque separa uns dos outros, reduzindo cada um a permanecer fechado 
dentro do próprio “eu”. Dentro de um horizonte relativista como este, 
não é possível, portanto, uma verdadeira educação: sem a luz da verdade,
mais cedo ou mais tarde cada pessoa está, de facto, 
condenada a duvidar da bondade da sua própria vida 
e das relações que a constituem, da validez 
do seu compromisso para construir com os outros algo em comum”.[4]
Por conseguinte o homem, para exercer a sua liberdade, 
deve superar o horizonte relativista e conhecer a verdade sobre si próprio 
e a verdade acerca do que é bem e do que é mal. No íntimo da consciência, 
o homem descobre uma lei que não se impôs a si mesmo, 
mas à qual deve obedecer e cuja voz o chama a amar e fazer o bem 
e a fugir do mal, a assumir a responsabilidade do bem cumprido e do mal praticado.[5] 
Por isso o exercício da liberdade está intimamente ligado com a lei moral natural, 
que tem caráter universal, exprime a dignidade de cada pessoa, 
coloca a base dos seus direitos e deveres fundamentais 
e, consequentemente, da convivência justa e pacífica entre as pessoas.
Assim o reto uso da liberdade é um ponto central na promoção da justiça e da paz, 
que exigem a cada um o respeito por si próprio e pelo outro, 
mesmo possuindo um modo de ser e viver distante do meu. 
Desta atitude derivam os elementos sem os quais paz 
e justiça permanecem palavras desprovidas de conteúdo: a confiança recíproca,
a capacidade de encetar um diálogo construtivo, a possibilidade do perdão, 
que muitas vezes se quereria obter mas sente-se dificuldade em conceder, 
a caridade mútua, a compaixão para com os mais frágeis, 
e também a prontidão ao sacrifício.

Educar para a justiça
4. No nosso mundo, onde o valor da pessoa, da sua dignidade 
e dos seus direitos, não obstante as proclamações de intentos, 
está seriamente ameaçado pela tendência generalizada 
de recorrer exclusivamente aos critérios da utilidade, do lucro e do ter, 
é importante não separar das suas raízes transcendentes o conceito de justiça.
De facto, a justiça não é uma simples convenção humana, pois o que é justo determina-se originariamente não pela lei positiva, mas pela identidade profunda do ser humano. 
É a visão integral do homem que impede de cair 
numa conceção contratualista da justiça 
e permite abrir também para ela o horizonte da solidariedade e do amor.[6]
Não podemos ignorar que certas correntes da cultura moderna, 
apoiadas em princípios económicos racionalistas e individualistas, 
alienaram das suas raízes transcendentes o conceito de justiça, 
separando-o da caridade e da solidariedade. 
Ora “a “cidade do homem” não se move apenas por relações feitas de direitos 
e de deveres, mas antes e sobretudo por relações de gratuidade, misericórdia e comunhão. 
A caridade manifesta sempre, mesmo nas relações humanas, o amor de Deus; 
dá valor teologal e salvífico a todo o empenho de justiça no mundo”.[7]
“Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados” (Mt 5, 6). 
Serão saciados, porque têm fome e sede de relações justas com Deus, 
consigo mesmo, com os seus irmãos e irmãs, com a criação inteira.

Educar para a paz
5. “A paz não é só ausência de guerra, 
nem se limita a assegurar o equilíbrio das forças adversas. 
A paz não é possível na terra sem a salvaguarda dos bens das pessoas, 
a livre comunicação entre os seres humanos, o respeito pela dignidade das pessoas 
e dos povos e a prática assídua da fraternidade”.[8] 
A paz é fruto da justiça e efeito da caridade. É, antes de mais nada, dom de Deus. 
Nós, os cristãos, acreditamos que a nossa verdadeira paz é Cristo: n’Ele, na sua Cruz, 
Deus reconciliou consigo o mundo e destruiu as barreiras 
que nos separavam uns dos outros (cf. Ef 2, 14-18); n’Ele, 
há uma única família reconciliada no amor.
A paz, porém, não é apenas dom a ser recebido, mas obra a ser construída. 
Para sermos verdadeiramente artífices de paz, devemos educar-nos para a compaixão, 
a solidariedade, a colaboração, a fraternidade, 
ser ativos dentro da comunidade e solícitos 
em despertar as consciências para as questões nacionais 
e internacionais e para a importância de procurar 
adequadas modalidades de redistribuição da riqueza, de promoção do crescimento, 
de cooperação para o desenvolvimento e de resolução dos conflitos. 
“Felizes os pacificadores, porque serão 
chamados filhos de Deus” – diz Jesus no sermão da montanha (Mt 5, 9).
A paz para todos nasce da justiça de cada um, e ninguém pode subtrair-se 
a este compromisso essencial de promover 
a justiça segundo as respetivas competências e responsabilidades. 
De forma particular convido os jovens, que conservam viva a tensão pelos ideais, 
a procurarem com paciência e tenacidade a justiça e a paz 
e a cultivarem o gosto pelo que é justo e verdadeiro, 
mesmo quando isso lhes possa exigir sacrifícios 
e obrigue a caminhar contracorrente.

Levantar os olhos para Deus
6. Perante o árduo desafio de percorrer os caminhos da justiça e da paz, 
podemos ser tentados a interrogar-nos como o salmista: 
“Levanto os olhos para os montes, de onde me virá o auxílio?” (Sal 121, 1).
A todos, particularmente aos jovens, quero bradar:
“Não são as ideologias que salvam o mundo, mas unicamente 
o voltar-se para o Deus vivo, que é o nosso criador, 
o garante da nossa liberdade, o garante do que é deveras bom e verdadeiro (…), 
o voltar-se sem reservas para Deus, que é a medida do que é justo 
e, ao mesmo tempo, 
é o amor eterno. E que mais nos poderia salvar senão o amor?”.[9] 
O amor rejubila com a verdade, é a força que torna capaz 
de comprometer-se pela verdade, pela justiça, pela paz, 
porque tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta (cf. 1 Cor 13, 1-13).
Queridos jovens, vós sois um dom precioso para a sociedade. 
Diante das dificuldades, não vos deixeis invadir 
pelo desânimo nem vos abandoneis a falsas soluções, 
que frequentemente se apresentam como o caminho 
mais fácil para superar os problemas. 
Não tenhais medo de vos empenhar, de enfrentar a fadiga 
e o sacrifício, de optar por caminhos que requerem fidelidade 
e constância, humildade e dedicação.
Vivei com confiança a vossa juventude e os anseios profundos 
que sentis de felicidade, verdade, beleza e amor verdadeiro. 
Vivei intensamente esta fase da vida, tão rica e cheia de entusiasmo.
Sabei que vós mesmos servis de exemplo e estímulo para os adultos, 
e tanto mais o sereis quanto mais vos esforçardes por superar as injustiças 
e a corrupção, quanto mais desejardes um futuro melhor 
e vos comprometerdes a construí-lo. Cientes das vossas potencialidades, 
nunca vos fecheis em vós próprios, mas trabalhai por um futuro mais luminoso para todos. 
Nunca vos sintais sozinhos! A Igreja confia em vós, acompanha-vos, 
encoraja-vos e deseja oferecer-vos o que tem de mais precioso: 
a possibilidade de levantar os olhos para Deus, de encontrar Jesus Cristo – Ele 
que é a justiça e a paz.
Oh vós todos, homens e mulheres, que tendes a peito a causa da paz! 
Esta não é um bem já alcançado mas uma meta, à qual todos e cada um deve aspirar. 
Olhemos, pois, o futuro com maior esperança, encorajemo-nos mutuamente 
ao longo do nosso caminho, trabalhemos para dar ao nosso mundo 
um rosto mais humano e fraterno e sintamo-nos unidos 
na responsabilidade que temos para com as jovens gerações,
presentes e futuras, nomeadamente quanto à sua educação 
para se tornarem pacíficas e pacificadoras! Apoiado em tal certeza, 
envio-vos estas reflexões que se fazem apelo: Unamos as nossas forças espirituais, 
morais e materiais, a fim de “educar os jovens para a justiça e a paz”.
Vaticano, 8 de dezembro de 2011
Benedictus PP XVI

Notas:
[1] - Bento XVI, Discurso aos administradores da Região do Lácio, do Município e da Província de Roma (14 de janeiro de 2011): L’Osservatore Romano (ed. port. de 22/I/2011), 5.
[2] - Comentário ao Evangelho de S. João, 26, 5.
[3] - Bento XVI, Carta enc. Caritas in veritate (29 de junho de 2009), 11: AAS 101 (2009), 648; cf. Paulo VI, Carta enc. Populorum progressio (26 de março de 1967), 14: AAS 59 (1967), 264.
[5] - Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. past. sobre a Igreja no mundo contemporâneo Gaudium et spes, 16.
[6] - Cf. Bento XVI, Discurso no Parlamento federal alemão (Berlim, 22 de setembro de 2011): L’Osservatore Romano (ed. port. de 24/IX/2011), 4-5.
[7] - Bento XVI, Carta enc. Caritas in veritate (29 de junho de 2009), 6: AAS 101 (2009), 644-645.
[9] - Bento XVI, Homilia durante a vigília com os jovens (Colónia, 20 de agosto de 2005): AAS 97 (2005), 885-886.