terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

II DOMINGO DA QUARESMA – 4 de Março de 2012


II DOMINGO DA QUARESMA – 4 de Março de 2012
 MESA DA PALAVRA
Leitura do Livro do Génesis   Gen 22, 1-2.9a.10-13.15-18
Naqueles dias, Deus quis pôr à prova Abraão e chamou-o: «Abraão!»
Ele respondeu: «Aqui estou». 
Deus disse: «Toma o teu filho, o teu único filho, a quem tanto amas, Isaac, e vai à terra de Moriá, onde o oferecerás em holocausto, num dos montes que Eu te indicar". 
Quando chegaram ao local designado por Deus, Abraão levantou um altar e colocou a lenha sobre ele.
Depois, estendendo a mão, puxou do cutelo para degolar o filho. 
Mas o Anjo do Senhor gritou-lhe do alto do Céu: «Abraão, Abraão!»
«Aqui estou, Senhor», respondeu ele. 
O Anjo prosseguiu: «Não levantes a mão contra o menino, não lhe faças mal algum. Agora sei que na verdade temes a Deus, uma vez que não Me recusaste o teu filho, o teu filho único».
Abraão ergueu os olhos e viu atrás de si um carneiro, preso pelos chifres num silvado. 
Foi buscá-lo e ofereceu-o em holocausto, em vez do filho. 
O Anjo do Senhor chamou Abraão do Céu pela segunda vez e disse-lhe: «Por Mim próprio te juro - oráculo do Senhor - já que assim procedeste e não Me recusaste o teu filho, o teu filho único, abençoar-te-ei e multiplicarei a tua descendência como as estrelas do céu e como a areia das praias do mar, e a tua descendência conquistará as portas das cidades inimigas. Porque obedeceste à minha voz, na tua descendência serão abençoadas todas as nações da terra».
 
Salmo Responsorial   Salmo 115 (116)

Andarei na presença do Senhor  sobre a terra dos vivos

Confiei no Senhor, mesmo quando disse:
«Sou um homem de todo infeliz».
 É preciosa aos olhos do Senhor
 a morte dos seus fiéis.

Senhor, sou vosso servo, filho da vossa serva:
quebrastes as minhas cadeias.
Oferecer-Vos-ei um sacrifício de louvor,
invocando, Senhor, o vosso nome.

Cumprirei as minhas promessas ao Senhor
na presença de todo o povo,
nos átrios da casa do Senhor,
dentro dos teus muros, Jerusalém.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos   Rom 8,31b-34
Irmãos: Se Deus está por nós, quem estará contra nós? Deus, que não poupou o seu próprio Filho, mas O entregou à morte por todos nós, como não havia de nos dar, com Ele, todas as coisas? Quem acusará os eleitos de Deus? Deus, que os justifica? E quem os condenará?
Cristo Jesus, que morreu, e mais ainda, que ressuscitou e que está à direita de Deus e intercede por nós?
  
No meio da nuvem luminosa, ouviu-se a voz do Pai: 
«Este é o meu Filho muito amado: escutai-O».

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos   Mc 9, 2-10
Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e subiu só com eles para um lugar retirado num alto monte e transfigurou-Se diante deles. 
As suas vestes tornaram-se resplandecentes, de tal brancura que nenhum lavadeiro sobre a terra as poderia assim branquear. Apareceram-lhes Moisés e Elias, conversando com Jesus. 
Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: «Mestre, como é bom estarmos aqui! Façamos três tendas: uma para Ti, outra para Moisés, outra cobriu com a sua sombra e da nuvem fez-se ouvir uma voz: «Este é o meu Filho muito amado: escutai-O».
De repente, olhando em redor, não viram mais ninguém, a não ser Jesus, sozinho com eles. Ao descerem do monte, Jesus ordenou-lhes que não contassem a ninguém o que tinham visto, enquanto o Filho do homem não ressuscitasse dos mortos. Eles guardaram a recomendação, mas perguntavam entre si o que seria ressuscitar dos mortos.
Transfigurou-Se diante deles
 COMENTÁRIO AOS TEXTOS

I Leitura (Gn 22, 1-2.9a.10-13.15-18): “Abençoar-te-ei e multiplicarei a tua descendência”
Este texto pode e deve ser lido a vários níveis: 1) Recusa dos sacrifícios humanos, prática corrente nos antigos cultos fenícios e cananeus: em analogia com o que se praticava nesses cultos (sacrifício dos primogénitos), Abraão poderá ter pensado que o seu amor a Deus exigiria como prova real o holocausto de Isaac. Mas Deus não quer a morte do homem, mas a vida e, por isso, impede Abraão de imolar o filho e aponta-lhe, como substituto, o sacrifício de um cordeiro.
2) Releitura teológica sobre a provação da fé de Abraão, a sua obediência e a promessa: a Deus não agradam os sacrifícios humanos, mas não podia deixar de agradar o amor incondicionado que Abraão lhe demonstra com esta disponibilidade a renunciar a tudo - ao seu próprio futuro: sacrifica o seu único herdeiro quando já não tem qualquer esperança de ter mais filhos - para obedecer ao que julgava ser a vontade divina. Entrevemos aqui o drama e a grandeza da fé que transfigura a vida. 3) Releitura cristológica: "Deus não poupou o seu Filho" - ouviremos na 2.ª leitura. Jesus é o novo Isaac, o "filho único", o "Amado" do Pai. Tal como Isacc carregou com a lenha para o sacrifício e se deixou atar sobre ela para o sacrifício, assim Jesus carrega com a cruz e deixa cravar-se nela, entregando-se livremente e sem reservas nas mãos do Pai que o entrega numa demonstração suprema e insuperável de amor.

Evangelho (Mc 9, 2-10): “Este é o meu Filho ... “
Com a profissão de fé em Cesareia de Filipe (Mc 8, 27-30), começa no Evangelho segundo São Marcos uma nova fase na vida de Jesus, que se encaminha decididamente para o desenlace da paixão e da morte, perante a incompreensão de Pedro e dos demais discípulos. O relato da transfiguração de Jesus segue o modelo das narrativas de aparições divinas (teofanias) no AT: a voz, a nuvem, o esplendor, as personagens celestes, símbolos da lei e da profecia. Por outro lado, adianta-se às aparições do Ressuscitado, sendo uma proclamação antecipada da glorificação pascal. Importa ainda ter presente que, neste Evangelho, este texto segue-se ao primeiro anúncio da paixão (8, 31): morte e ressurreição são duas faces de um único mistério. Marcos sublinha a incompreensão dos discípulos na Transfiguração (tal como já vincara a incompreensão de Pedro face ao anúncio da Paixão). Só passando pela morte (anunciada) se pode chegar à ressurreição (antecipada) e, deste modo, aceder à fé pascal. Entretanto, o único meio para “compreender” é a escuta de Cristo (v. 7), reconhecido como Filho de Deus. A esse reconhecimento chegará o centurião ao ver Jesus expirar (cf. 15, 39).

II Leitura (Rm 8,31b-34): “Não poupou o seu Filho”
Paulo convida-nos a penetrar no coração da Trindade e a contemplar a sua paixão pela humanidade. Com uma série de perguntas retóricas, afirma a certezas basilares. Como é possível que, para benefício de estranhos - e até "inimigos" - Deus chegue ao extremo de sacrificar o que Lhe é mais caro: o seu Unigénito? E, entretanto, foi isso o que realmente aconteceu na Páscoa de Cristo, morto, ressuscitado e sempre vivo a interceder por nós, na presença do Pai. Por isso, nada nem ninguém se pode interpor entre nós e este amor salvífico, cheio de misericórdia e de perdão.


HOMILIÁRIO PATRÍSTICO
Escutai-O!
Elias e Moisés falavam com Ele, porque a graça do Evangelho recebe testemunho da Lei e dos Profetas: da Lei em Moisés e dos Profetas em Elias, para sermos breves. [...] Pedro quis fazer três tendas: uma para Moisés, outra para Elias e outra para Cristo. Deleitava-o o sossego da montanha, sofria o tédio do tumulto das coisas humanas. Mas por que razão queria três tendas, senão porque ainda desconhecia a unidade da Lei, da Profecia e do Evangelho? Logo foi corrigido pela nuvem: "ainda ele assim falava quando uma nuvem resplandecente os encobriu": vede como a nuvem fez uma única tenda! Por que razão querias três? "E da nuvem ouviu-se uma voz: Este é o Meu Filho Dilecto, no qual pus o meu enlevo; escutai-O!". Fala Elias, mas escutai-O a Ele; fala Moisés, mas escutai-O a Ele; falam os Profetas e fala a Lei, mas escutai-O a Ele, voz da Lei e língua dos Profetas. Foi Ele que por eles falou e Ele próprio falou por si mesmo quando se dignou aparecer: "escutai-O", escutemo-l'O. Considerai que quando o Evangelho se proclamava, era a nuvem. E daí nos veio a voz. Escutemo-l'O: façamos o que Ele diz, esperemos o que nos prometeu.
(S. Agostinho, Sermão 79)
 SUGESTÕES LITÚRGICAS

1. A liturgia deste domingo deve ser vivida na disponibilidade para escutar Jesus. O monte é o lugar do encontro com Deus. Moisés e Elias  encontram Deus no Horeb. Jesus  retira-Se muitas vezes para o monte para rezar. Naquele dia, Deus toma a apalavra para reconhecer Jesus como seu Filho bem-amado , e pede para O escutar. Jesus tem encontro com Moisés e Elias, porta-vozes cheios do poder de Deus libertador junto do seu povo. A sua presença no monte da transfiguração revela que Jesus  veio cumprir tudo o que os profetas tinham anunciado.
2. Leitores: 1.ª Leitura - O texto tem "3 vozes": narrador, Deus e Abraão. E o leitor, sem exageros teatrais, deve ser capaz de o dar a entender. Atenção ao inciso "Oráculo do Senhor" que pede um tom de voz diferente. 2.ª Leitura - É de proclamação difícil. A mensagem torna-se mais veemente porque apresentada de forma interrogativa. Mas, onde colocar a entoação da pergunta? Regra geral é no início das frases que a voz a assinala. Mas partículas como quem, como, que podem ter um intensidade interrogativa. A aclamação final (Palavra do Senhor!) deve ser preparada com um razoável silêncio.
Sugestão de cânticos - Entrada: Diz-me o coração, F. Lapa, BML 50, 10; Ouvi-nos, Senhor, F. Silva, NCT 92; Os meus olhos, M. Faria, BML 50, 12; Attende, Domine, NCT 122; Salmo Resp.: Caminharei na terra dos vivos, F. Santos, BML 30, 9 ou M. Luís, SRAE 192; Aclam. ao Ev.: No meio da nuvem, F. Santos, BML 35, 15; Ofertório: Eis o tempo favorável, F. Santos, NCT 495; Comunhão: Este é o Meu Filho, F. Lapa, BML 60, 49; Jesus Cristo, ó Porta do Reino, F. Santos, BML 25, NCT 110.
MISSAS COM CRIANÇAS -  Entrada: Escutai, Senhor, C. Silva, NCT 88; Senhor, ouvi a minha súplica, F. Santos, BML 30, 10; NCT 93; Salmo Resp: Pecámos, Senhor, F. Santos, BML 58, 16; NCT 103; Aclam. Ev.: Arrependei-vos, diz o Senhor, F. Santos, BML 35, 16; NCT 104; Comunhão: Felizes os que moram, F. Santos, BML 58, 34; NCT 115.
VIA SACRA: Ao morrer crucificado, NCT 683; Bendita e louvada seja, NCT 684; Nós vos louvamos, F. Santos, NCT 685; Perdoa ao teu povo, NCT 686; Perdão, Senhor, M. Faria, NCT 687.

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