… A ideia é abolir precisamente a parte da tradição.
Logo à partida, porque os enamorados recebem a bênção não de um padre mas da «mãe natureza”, em toda a sua força nas ilhas açorianas.
E de uma espécie de regresso ao essencial que se fala, algo por que as comunidades citadinas anseiam cada vez mais, desorientadas com o ritmo quotidiano.
Para tal comunhão essencial, a proposta da Teles Travel Agency, dona de uma experiência de mais de sessenta anos, desdobra-se nos quatro elementos naturais - Ar, Fogo, Terra e Água - , e usa-os como pretexto para cerimónias que partem da diferenciação e da irreverência como factores x - e isso, num tempo em que
a ida à igreja se tornou uma experiência quase penosa para a maioria dos convidados
e o copo de água, uma obrigação tediosa, vale muito.
«Os elementos associam-se de imediato a algo puro, próximo das necessidades mais básicas do ser humano», explica Catarina Teles, responsável pela empresa familiar, com sede na ilha Terceira.
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Comecemos pela Água.
A proposta da Teles é dizer o «sim, aceito» num mergulho no oceano do arquipélago - laboratório de excelência dos investigadores, tal a biodiversidade.
Se casar é um grande passo, fazê-lo no lugar de onde viemos deverá ser uma daquelas experiências para guardar no baú das memórias intensas - é claro que as fotos que registam o momento também lá estarão, para ajudar a recordar
Mas a profundidade não é a única possibilidade do Atlântico.
Afinal, há a1go em particular que constantemente põ
e os Açores em destaque, em documentários da BBC: os cetáceos.
E a ideia é tê-los como testemunhas de tão importante acontecimento e, logo a seguir, se os noivos desejarem, nadar com os golfinhos e ba1eias que circundam as ilhas - e estas são as opções mais «banais».
Casar no meio do oceano abordo de um veleiro, ou no topo da montanha do Pico, no alto dos seus 2351 metros;
ou até mesmo dentro da cratera de um vulcão - extinto, entenda-se - na ilha Terceira, são outras possibilidades que apenas poderiam acontecer neste arquipélago, perdido a meio de dois continentes.
O vulcão chama-se Algar do Carvão, tem estalagmites e esta1actites com mais de quatro milhões de anos, uma acústica única (ali acontecem regularmente concertos de música clássica) e fica bem no centro da ilha Terceira, conhecida pelas suas festas e pela hospitalidade.
Como experiências de Terra, a aposta é casar numa ilha e passar a lua-dc-mcl nas restantes. Ao mesmo elemento - Fogo, claro está — associa-se a gastronomia açoriana (há as cracas, o cozido das Furnas, o Verdelho do Pico...).
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E os convidados?
«A ideia é que em vez de convidarem duzentas pessoas para um casamento, façam a1go mais privado, entre vinte a quarenta pessoas,
e ofereçam aos amigos uma escapadela inesquecível», desmistificá-la …
Mas a ousadia das propostas da Teles Travel Agency não fica por aqui.
Falta ainda a «Boda Surpresa» e consiste simplesmente num pedido de casamento daqueles de filme, no topo de uma escada em caracol — no Hotel Caracol, na ilha Terceira - e, caso a resposta seja o esperado sim, tudo acontece a dois no espaço de uma semana.
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