Manual da conduta do
professor, perante
os CEF!
Subsídios para um relacionamento saudável com os alunos dos
CEFs.
Este pequeno Manual tem em vista ajudar os professores a lidar
com a
faixa de alunos mais incompreendidos e maltratados do sistema de Ensino
em
Portugal, também conhecidos pelos “filhos da Ministra”.
O autor não se constitui como o arauto da verdade absoluta
e por isso aceita as críticas e sugestões a introduzir numa
nova
edição, se a houver.
O documento é portanto, dinâmico e de reflexão, e pretende
corrigir
eventuais desvios de comportamento dos professoreis perante determinadas
situações reais. comprometedores para o futuro de uma parte dos
discentes,
e de suas famílias,
que tanto sacrifício fazem para frequentar um CEF.
Seleccionei as 16
questões mais frequentes,
e sobre elas
lavrei os conselhos que me pareceram mais ajustados.
1. Quando
o(a) aluno (a) chega atrasado(a).
Quando (a) aluno(a) chega atrasado (a) mande entrar
e indague dos motivos do atraso.
Procure sobretudo
saber se a família ficou bem em casa
e verifique se
arqueja mesmo que levemente devido à pressa com que se dirigiu para a
aula.
Pergunte se não quererá um copo de água
e descansar um
bocadinho no recreio
ou mesmo ali debruçado sobre a mesa.
Se já marcou a
respectiva falta releve-a para que o ( a) aluno (a) numa próxima
oportunidade não se sinta pressionado (a).
2. Quando
o(a) aluno(a) pede para ir lá fora, ainda mal acabou de entrar na sala
de aula.
Se o (a) aluno (a) lhe pedir para ir lá fora mesmo que tenha
acabado de entrar seja compreensivo (a),
ele (ela) pode
muito bem estar com necessidade de fazer alguma necessidade que não fez
durante
o intervalo
devido ao facto de ter tido a necessidade de cumprir outra
qualquer
necessidade mais urgente.
É sabido que o curto lapso de tempo que é o interregno entre
aulas
mal dá para namorar um pouco
ou mastigar um pastel
de nata.
Na dúvida deve sempre deixar o (a) aluno (a) sair porque
é regra de ouro que na incerteza prevalece sempre a vontade dos
alunos.
3. Quando
o(a) aluno (a) não está a prestar atenção ao que o docente está a dizer.
Quando o (a) aluno (a) está ausente questione-o (a) no
sentido de saber se essa “ausência tem alguma coisa a ver
com preocupações da sua vida familiar
amorosa social ou
outra.
Pergunte-lhe em que estava a pensar
e ajude-o ( a ) na
medida do possível.
Ofereça-lhe boleia para casa ao fim das aulas
e no percurso
pergunte-lhe se é problema de dinheiro.
Se for, empreste-lhe a quantia que acha razoável para que ele
(a)
resolva os seus problemas mais prementes.
4. Quando
o aluno (a) está permanentemente virado (a) para trás.
Nestes casos convém verificar se o (a) aluno (a) está na última
fila
ou nas outras mais à frente.
Se estiver na
última fila pode tratar-se
de síndroma de perseguição uma vez que atrás dele
presumivelmente não
esta ninguém embora ele imagine que está e daí varar-se.
Registe o facto e na 1ª oportunidade transmita o sucedido ao DT
a fim
de que ele proceda em conformidade quiçá comunicando o caso à Equipa de
Educação para a Saúde.
Se ele (a) estiver
numa das filas à frente da fila de trás não é preocupante espere que ele
(a)
termine a transmissão de algo inadiável que estava a fazer para o colega
à sua
retaguarda
advirta-o (a) para o perigo de se voltar bruscamente por
causa dos torcicolos.
Se por acaso se verificar mesmo o torcicolo não caia na
tentação de lhe
torcer o pescoço no sentido contrário porque apesar da sua boa vontade
podem
acusá-lo
(a ) de agressão a jovem indefeso (a).
5. Quando
o(a) aluno (a) pede para ir ‘mijar”
Quando o(a) aluno (a) lhe pede para ir “mijar”
pergunte-lhe delicadamente se o que ele (a) quer mesmo não é
“ir
urinar?’.
Se reagir com espanto inquirindo-lhe de ir fazer o quê?!”
explique-lhe pacientemente que urinar é mesmo de fazer “xi-xi”
e que um menino (a) educado (a) não diz “mijar”.
Quando muito poderá dizer “realizar uma micção”
ou ainda, na pior das hipóteses,
usar um
diminutivo popular dizendo que vai fazer uma “mijinha”.
Se ele (a) não
perceber,
ilustre a situação no quadro
ou então
exemplifique você mesmo,
com todos os pormenores, ao vivo e a cores.
6. Quando
o(a) aluno(a) pede para ir comer.
Se O(a) aluno(a) lhe pedir para ir comer
procure informar-se se é a 1ª refeição que ele (a) vai tomar
esse dia,
e sendo, aconselhe-o (a) sobre o que deve comer para não lhe
cair
‘fundo”
do estômago.
Diga-lhe também que não coma à pressa porque comer à pressa faz
mal.
Que não se preocupe com o tempo porque a aula pode esperar;
o essencial é a saúde.
Aconselhe-o (a) a mastigar os alimentos pelo menos 35 vezes,
a fim de que o bolo alimentar fique devidamente preparado para
ser
recebido pelo seu delicado estômago.
7. Quando
o (a) aluno (a)boceja.
Segundo o povo bocejar pode ter dois significados
ou se está com sono
ou com fome.
Procure saber qual das situações tem a ver com o bocejo ou,
o que pode ser mais grave, se se trata do cúmulo das duas.
Se for fome procure saber a que se deve, porque pode ser um
problema de falta de dinheiro
e isso é uma situação grave e preocupante.
Neste caso não
hesite em disponibilizar uma pequena verba
ou empreste o seu
cartão da escola para que o aluno se possa alimentar.
Participe depois o
sucedido à Direcção da escola e entregue o talão da despesa, pode ser
que haja
verba para lhe restituírem o dinheiro emprestado.
Se for sono aconselhe-o ( a) a encostar-se um pouco na mesa
e fale mais baixo tendo em atenção
os conselhos do
ponto seguinte..
8. Quando
o(a) aluno (a) dorme na aula.
Quando o (a) aluno (a) dorme na aula.
Não o(a) acorde.
Modele o tom de voz, procurando um registo mais grave
e reduzindo um pouco o volume.
No entanto. antes
do toque de saída procure saber se ele(a) dormiu o suficiente na noite
anterior
se teve insónias devido à escola,
se tem algum problema
familiar
ou coisa do género.
Assegure-se de que em última análise não existirá algum
problema de
saúde associado.
Na dúvida comunique o caso à Equipa de Educação para a Saúde.
9.Quando o(a) aluno(a) fala em Crioulo
Quando o(a) aluno (a) fala em crioulo,
de duas uma,
ou ele (a) sabe que você sabe crioulo e quer que você saiba o
que ele
quer dizer, ou ele sabe que você não sabe crioulo
e não quer que você saiba o que ele está a dizer.
De uma forma ou outra ele(a) pretende provocar.
Não se deixe intimidar, diga que sim e faça de conta que não
percebeu
nada, mesmo que tenha percebido
Na 1ª oportunidade
passe no Centro de Formação
e veja se já abriu a acção de formação,
há muito prevista
no plano, para aprender o dito crioulo.
O saber não ocupa
lugar e em breve, vai fazer-lhe falta já que o crioulo, diz-se, vai
passar a
ser a 1ª língua oficial da escola.
10.Quando o(a)
aluno(a) se levanta e, sem motivo aparente, vai até à janela.
O (a) aluno (a) vai fazer aquilo que em gíria se chama “
laurear a
pevide”.
E como esta juventude precisa de laurear a pevide como a boca
precisa
de pão, não fique preocupado (a) ele (a) vai ver o que se passa no
recreio
e logo logo regressa ao seu lugar com muito menos vontade do
que tinha,
quando inopinadamente se ergueu e foi à janela.
Com um bocadinho de sorte, pode ser que daí a mais um pouco se
deixe
dormir para só acordar próximo da hora de acabar a aula.
11.Quando o(a) aluno (a) fala alto com o colega do lado.
Faça um compasso de espera,
sorria levemente
com ar benevolente para que aluno(a) não se melindre.
Deixe que ele (a)
acabe a conversa
e pergunte delicadamente se pode continuar.
Perante a resposta afirmativa agradeça o gesto
e continue a sua explicação sobre a matéria.
Interrompa sempre que o acto se repita e reitere o mesmo
procedimento.
Não mostre enfado.
12.Quando o(a) aluno(a) o(a) manda para o ‘c___alho”
Se o(a) aluno (a) mandar para o c___lho,
reaja com calma e
pense que algum motivo
ele há-de ter para se insurgir dessa forma.
Não esqueça um
velho principio comercial que diz
que o cliente tem sempre razão,
e sendo os alunos
os nossos clientes,
não é preciso dizer mais nada.
De qualquer forma
explique-lhe que ele está a reagir de cabeça quente
e que não são
modos próprios para se dirigir ao (à) professor(a).
Diga-lhe com
serenidade que deve usar o termo “pénis”
em vez de ‘c___alho” ou então mande-o (a) a ele a (ela)
mandá-lo (a)
a si) para a “vagina da sua mãe”.
Ditas as frases
desta forma,
tornam-se muito mais simpáticas
e nem têm
carga ofensiva porque se evitou o palavrão grosseiro,
gratuito e fútil.
Aproveite ate para fazer uma introdução à Educação Sexual
e explique-lhe qual é a diferença um ’e pénis e vagina”,
o que os dois fazem.
Quando o 1 º penetra a 2ª. e ainda as consequências dessa
acção.
Se ele não perceber faça-lhe um desenho para ilustrar o acto.
13. Quando o(a) aluno(a) encostar o seu dele(a) peito ao seu
(seu)
peito.
O essencial é manter a calma,
por natureza
estes( as) alunos (as) são serenos (as)
e brincalhões (onas).
Sorria ainda que o sorriso tenha tons de amarelo.
Se for preciso peça desculpa
e prometa que o
motivo que levou a encostar os peitos,
mesmo que o
desconheça jamais se repetirá.
14. Quando o(a) aluno (a) grita no Hall de entrada do Pavilhão
.
E bom sinal, os (as) a1unos (as) estão a extravasar a energia
acumulada durante um dia,
resultante da
pressão de tanto estudo.
E um escape necessário, devemos por isso aconselhá-los
a gritar ainda mais alto para abrir completamente os pulmões.
15. Quando o (a) aluno(a) grita com a(o) funcionária(o).
Alguma a(o) funcionária (o) lhe fez.
Devemos certificar-nos dos motivos
e participar da
(o) empregada (o) à Direcção para que esta proceda em conformidade.
Uma boa proposta será deixar o Pavilhão
sem funcionária
(o),
porque assim corta-se o mal pela raiz.
16 .Quando o(a)
aluno(a) solta um gás.
Quando o aluno (a) solta um gás devemo-nos pôr a jeito
e com as fossas nasais bem desobstruídas,
a fim de que o
mesmo cause o efeito desejado por quem o solta,
de contrário será
uma desilusão
e a última coisa que devemos fazer,
com os alunos, é
desiludi-los.
Quando o gás vem com pressão suficiente para provocar som
audível,
não devemos evitar que todos os outros alunos se riam, devemos,
pelo contrário,
incentivar
e rir muito também,
promovendo assim uma verdadeira alegria no trabalhão.
Mas atenção !
O(a) professor (a) está terminantemente proibido (a) de gasear.
A liberdade tem limites.
Isto é que é educar em Portugal!!!
ResponderEliminar