quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Reflexões sobre Verdade e a mentira.

Reflexões sobre Verdade e a mentira.
Alguns aspectos sobre a Verdade e a mentira.
1 . Valor e dever de seguir a Verdade toda.
A verdade é uma virtude difícil de abraçar como já dissemos quando falamos dos Profetas, que eram os apóstolos e sacrificados e até Mártires do serviço da Verdade.
O mundo que é ( por via de regra) medíocre encara-os mal e persegue-os até, bem como às pessoas inteligentes, pelo mesmo motivo.
Sobre o valor da Verdade e consequente dever na totalidade dos seus aspectos e exigências, eis alguns pensamentos seguintes colhidos:
Dizia o Cardeal Suenens em 1963 nas Nações Unidas:
A Verdade como pensamento,
A justiça como regra,
O Amor como força motriz
E a Liberdade como sua atmosfera.
Alguém acrescentava: Devemos banhar-nos diariamente na Verdade.
Dizia o Bispo Pensador D. António Ferreira Gomes: A vida não faz a Verdade mas a Verdade é sempre Viva (Livro Endireitai as Veredas do Senhor! ! pag.25), não tem valor a Fé ou a religião sem Fé ( ibidem pag. 323).
Dizia o pensador Leonardo Coimbra: Procurar a Verdade é subir o Tabor.
Houve quem dissesse: A verdade começa difícil e acaba fácil.
E a mentira começa fácil mas acaba difícil ( ou mal).
Notar ainda: Verdade verdadeira é a Verdade com Caridade,
pois o alvo final da Verdade é a Caridade , dizia Fulton Sheen ( Elevai os Vossos Corações, pag. 166)
e “ a Verdade para ser Verdade deve tornar-se uma pessoa”
e Cristo é a Verdade, Caminho e Vida ( Fulton Sheen, Âncoras Sobre o Abismo, pág. 30)
e em Cristo a pobreza foi o seu pão,
a humildade foi o seu poder
e amor a sua Verdade.
Verdade que faz sofrer mas assim é melhor que a mentira que sabe alegrar.
2. Defeitos e Pecados contra a Verdade.
Mentir é esconder defeitos,
exagerar virtudes.
e interpretar erradamente.
A mentira dá flores mas não dá frutos.
Em namorados: falsos no amor,
mas sinceros no ódio! ( porque é a sério neste caso).
Segundo o P. António Vieira, não ver a Verdade é mentir com o pensamento
e atacar a Verdade é mentir com obras.
Foi reconhecida a triste realidade do pecado original nos ditos seguintes e outros parecidos:
Queria ser paz e fui guerra,
Queria ser carinho e fui rudeza,
Queria ser divino e fui terreno,
Etc.
Por isso perdoai-me, Senhor!
Já a Bíblia dizia no Antigo Testamento: “ Omnis homo mendax
( todo o homem é mentiroso!) ( Salmo 115, 116).
3. Algumas espécies de defeitos ou mentiras:
a. A desculpa é uma mentira escondida…
Já Fulton Sheen dizia que as razões (verdadeiras) valem para o Céu,
mas as desculpas levam para o inferno.
b. A ideologia é outro caso muito bem explicado por D. António Ferreira Gomes que alertava para o grande perigo de se confundir ideologia com a virtude da Fé
( ou religião seja cristã ou outra).
A ideologia consiste numa verdade interessada no todo ou apenas em parte.
Desde que favoreça é que interessa ( noutra hipótese), esquece-se ou põe-se de lado.
Como dizia Papini ( História de Cristo), serve-se da Fé mas não serve a Fé, isto é, a religião é meio e não fim nem si mesma, é meio para subir na vida à custa da Fé religiosa subordinando aos seus fins temporais políticos, sociais ou económicos.
Quer dizer: a Fé ou religião deixa de ser um absoluto
ou fim em si mesma
para se tornar um relativo para as conveniências da pessoa ou grupo,
passando as conveniências a ser um fim ou um deus,
ou, como diz o povo, puxando a brasa para a sua sardinha,
procurando pôr a seu serviço e domínio
e daí falar-se da “minha verdade” como se fosse dono dela
e ela passando a ser um lacaio dele.
A ideologia é pois uma mentalidade orgulhosa, despida de qualquer humildade.
A própria Fé ou religião pode passar a ser ideologia também quando, em vez de propor a Fé, se procura impô-la à força, fanaticamente, mesmo a chatear as pessoas, sem qualquer compreensão pela liberdade de outras pessoas, não esperando que elas evoluam no caso de erradas, não aceitando que o verdadeiro bem este exige o sacrifício ou a cruz de levar o seu tempo e as coisa não têm de ser sempre à nossa maneira.
Quando se vê uma pessoa a fazer apostolado a torto e a direito
( quase como Saulo antes da sua conversão)
Marginalizando até os responsáveis religiosos, etc.
tal pessoa está a ser vítima de uma ideologia religiosa
( não há só ideologias políticas, etc. )
ou mania, sendo tais pessoas uma espécie de caciques religiosos
( porém por vezes disfarçados) ou ditadores ,
o que acontece muito em seitas religiosas
que apresentam de repente o seu ponto de vista afim de o visado não ter tempo para reflectir ou pensar serenamente com a sua inteligência.
Já S. Paulo ( 1 Tim. 3,6) se referia ao perigo de tal gente
( religiosos recentes ou à pressa convertidos)
que eram os neófitos e toda esta exposição sobre ideologia com a respectiva explicação por D. António Ferreira Gomes.
Como alguém que só liga ao Papa quando lhe convém
e noutro na relatividade da verdade pela democracia que se fazia Deus acima da Verdade
e à mercê das conveniências partidárias.
Há interesses honestos,
desde que o sejam em si,
respeitem os outros casos na totalidade
e não apenas o único caso da ideologia.
c. Outro caso parecido com o das ideologias
é o das meias verdades em que se vê o mundo só por um lado,
ficando-se com a ideia incompleta
ou desfigurada por faltar a relação com o conjunto ou o resto.
Umas vezes acontece naturalmente pois não é fácil conhecer-se a Verdade toda de uma só vez ao começar, outras vezes escondem-se os aspectos restantes por interesse…
Sempre me impressionou uma frase atribuída a Salazar: “ “ Até que ponto é verdade uma verdade incompleta!”
d. Voluntarismo ( protestante e por vezes católico) explicado por D. António Ferreira Gomes
( no citado livro Endireitai as Veredas do Senhor) diz o seguinte:” Costuma-se dizer que o pecado é aquilo que Deus não quer pela sua vontade ( e por isso se lhe chama voluntarismo). Ora as coisas não são bem assim.
Se fosse pecado só pela vontade de Deus ser contra,
bastava que noutra ocasião a vontade de Deus fosse outra
e já então deixaria de ser pecado.
Mas não é assim.
É pecado porque as coisas na realidade são mesmo assim
e Deus é a razão de ser ( ou inteligência da própria realidade
e na realidade é assim, Deus não pode mudar nada.
Portanto a inteligência de Deus é, ao verificar o pecado em primeiro lugar e só depois é que a vontade de Deus está contra o pecado também, pois nunca há desacordo entre a vontade e a inteligência em Deus.
Aspectos secundários podem naturalmente variar com as épocas mas trata-se sempre de aspectos secundários de moralidade e não fundamentais.
e. Unilateralidade é uma coisa difícil porque quase inevitável como dizia o professor universitário suíço Karl Jaberg : quando estamos a observar um aspecto não podemos estar a ver os outros ao mesmo tempo e daí a tendência de esquecer os outros aspectos e, pior ainda, se chegamos a negá-los.
f. Outro caso, devido à força do hábito, etc. é de não nos querermos aperfeiçoar por evolução como é o hábito da Igreja, mas quando as coisas se agravam, então vai-se por revolução ( Luis Civardi).
O que o Trabalhador Deve a Cristo, Braga, 1952, pag. 57) e ao pretender-se alcançar um certo bem, cai-se noutros males simultaneamente.
Também São Paulo a respeito do escravo Onésimo
não originou revolução mas tratou obter uma evolução para melhor junto do dono do mesmo. A evolução vai devagar, na revolução é tudo de repente.
g . Algumas citações de José Maria Cabodevilla ( Palavras são Amores).
(continua)

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